Penso que este é o oitavo, dos sete pecados capitais.
Indiferença é a arte de ignorar tudo aquilo que está errado, que nos incomoda, fatos que, se acontecessem conosco, tornaria-nos "gladiadores" em uma arena, mas, tratando-se de outrem, esperamos que "alguém" faça alguma coisa, muitas vezes chegamos a demostrar tamanha falsa indignação.
Muitas vezes até "iniciamos" atitudes revolucionárias, mas poucos são aqueles que dão andamento, colocando a indignação em "AÇÃO" e buscam realizar mudanças neste mundo encardido.
O que deixa-me perplexo, é o fato de que a indiferença não existe apenas do lado de quem observa, mas também, muitas vezes de quem protagoniza o fato.
Como exemplo, posso citar algo que ocorreu em minha vida.
Certo dia quando passava próximo a um terminal da Região Metropolitana de Curitiba, encontrei um indivíduo (chamarei aqui de Zé), sentado no meio-fio; ao seu lado; a esposa grávida de uns 7 meses e um filho pequeno de uns quatro anos. Pediram-me dinheiro para comprar leite, alegando que a criança estava com fome. Perguntei ao Zé, se ele tinha trabalho e onde ele morava. Disse-me que estava desempregado e que estavam morando na rua, pois tinham sido despejados. Prontamente, afirmei a ele, que poderia lhe arrumar um trabalho em minha empresa, como ajudante de serviços gerais e que teria um local para eles ficarem até que tivessem condições de tomarem conta das próprias vidas. No início, Zé trabalhou com esmero, o que me fez promovê-lo a função de "oficial", mantendo ainda ele morando no terreno de nossa empresa, assim como nós também pagávamos a conta de luz e de água. Passados 6 meses, desde de que os encontrei, Zé começou a "fraquejar", faltava ao trabalho com frequência, realizava suas tarefas com desdém. Até que um dia, ao perceber que Zé, tinha novamente faltado, fui até o terreno da empresa onde ele estava morando, encontrando o mesmo, dormindo. O que aconteceu? Dispensei. Mas como sabia que ele ainda não tinha para onde ir, dei-lhe o prazo de 3 meses para deixar meu imóvel. Três meses se passaram e ele não havia saído, assim como ainda não tinha arrumado outro trabalho, dei-lhe mais um mês. Ainda assim; nada. Então fui novamente conversar com ele e Zé, disse-me que não sairia do terreno, pois não tinha para onde ir. Saímos eu e meu sócio a procura de um imóvel em condições de moradia. Encontramos uma casa, aluguel de R$ 250,00, pagamos 3 alugueres adiantados e fomos até Zé, informar-lhe que já tinha para onde ir. Quando recebemos nova negativa, e desta vez com ameaça, nós não devíamos mais incomodá-lo. O que fazer?? Já estávamos precisando do terreno onde iríamos construir nossa sede administrativa. Entrar com uma ação de despejo?? Uma pessoa a qual eu havia ajudado a tomar rumo na vida. Tinha potencial. Tinha oportunidade. O que fez??? Sucumbiu, diante da necessidade de tomar conta da própria vida. Afinal, muito mais fácil é pedir esmolas.
Este, é apenas "um" exemplo de indiferença inversa.
Alguns devem estar se perguntando, por que estou falando deste assunto? Porque dentre milhares de perfis, posturas e caráteres, existentes neste país, muitos dos negligenciados, infelizmente; preferem viver nesta condição!
Este talvez seja, o maior de todos os obstáculos que nos distanciam do fim da miséria, miséria que estimula a corrupção, que determina as leis eleitorais, que cria mais miséria...esta máquina de produção de dinheiro que permite ao governantes deste país, tamanha confiança na impunidade.
"INDIFERENÇA! PRIMEIRO DE TODOS OS LEÕES A SER ABATIDO!"
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